Origem do Congregacionalismo
O Congregacionalismo surgiu no século XVI (1501 - 1600), na Inglaterra, ao tempo da implantação da Reforma Religiosa Inglesa, em contraposição a tendência da época de uma Igreja estatal, centralizada, hierarquizada e ditatorial. Um grupo de irmãos insatisfeitos com os rumos tomados pela reforma religiosa inglesa promovida pelo rei Henrique VIII, que se afastou da Igreja Romana por questões pessoais e políticas e não por convicções de natureza religiosa, separou-se da Igreja Anglicana e se organizou como comunidades autônomas, conhecidas pelo nome de Independente, nome esse que antecedeu ao nome Congregacional.
Na época em que reinava Eduardo VI, filho e sucessor de Henrique VIII (1553-1558), o movimento puritano, que surgira na Europa, começou a ter influência no seio da Igreja Anglicana, buscando a simplicidade de culto e pureza dos costumes no seio dela. Perseguidos na Inglaterra, os irmãos separatistas ou independentes estabeleceram-se na Holanda e dali partiram para o Estados Unidos, no famoso navio MAYFLOWER, estabelecendo-se em PLYMOUTH, onde organizaram a primeira comunidade Congregacional no novo continente, como extensão da Igreja de Scrooby na Holanda. Enquanto isso, muitos irmãos independentes ficaram na Inglaterra e continuaram crescendo, mesmo sofrendo perseguições movidas pelas autoridades políticas e religiosas daquela nação. Principalmente através das Igrejas de governo Congregacional nos Estados Unidos, o Congregacionalismo espalhou-se pelo mundo.
Histórico do Congregacionalismo no Brasil
O trabalho Congregacional chegou ao Brasil graças aos esforços missionários do Rev. Robert Reid Kalley, missionário escocês, que se dispôs a pregar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo em terras brasileiras. Kalley, que era de origem Presbiteriana, partiu da Inglaterra, no século XIX, para a Ilha da Madeira, possessão portuguesa na época, localizada no norte da África, onde pregou o Evangelho durante alguns anos. Depois da experiência missionária na Ilha da Madeira, Kalley voltou para a Escócia, viajando pouco depois para o Oriente em companhia de sua esposa Margarida que veio a falecer naquela viagem.
Depois de ler o livro Reminiscência de Viagem e Residência no Brasil, de Daniel P. Kidder, e um apelo que o autor fazia à Sociedade Bíblica Americana para o envio de missionário para as terras brasileiras, o Dr. Kalley sentiu arder em seu coração o desejo de vir trabalhar em nosso País. Agora já acompanhado de sua segunda esposa Sarah Kalley, Dr. Robert Kalley desembarca no Rio de Janeiro em 1855 e estabelece-se em Petrópolis, onde realizou em 19 de agosto a primeira Escola Dominical no Brasil em língua portuguesa. Esta data é considerada como da fundação do trabalho Congregacional em nosso País.
Na cidade do Rio de Janeiro, em 1858, Robert Kalley organizou a primeira Igreja de governo Congregacional no nosso País, denominada Igreja Evangélica Fluminense, ainda hoje existente naquele cidade. Detentor de uma visão expansionista, o Missionário Kalley abriu um trabalho em Recife, em 1873, que recebeu o nome de Igreja Evangélica Pernambucana.
Dr. Kalley conquistou muito prestígio entre a alta sociedade da época. Entre 1855 e 1866 publicou 35 artigos no Correio Mercantil. Depois de 1864 começou a publicar artigos no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro. Ele foi um instrumento para a modificação de leis referentes à liberdade de culto e separação entre Igreja e Estado: reconhecimento oficial do casamento dos não-católicos, registro civil de seus filhos, óbitos registrados em cartórios e reserva de espaços nos cemitérios para a sepultura dos protestantes.
Em 17 de novembro de 1861, é publicado o "Salmos e Hinos", na época denominado "Música Sacra", com 50 letras de cânticos, sendo 18 salmos e 32 hinos, num pequeno volume de 18 páginas. Metade dos 50 hinos nessa edição foram escritos por Robert Kalley ou por sua esposa Sarah. Este hinário em suas edições sucessivas serviu a todas as denominações à medida que começaram a enraizar-se no Brasil.
O casal Kalley retira-se definitivamente para a Escócia, em 10 de julho de 1876, oito dias depois de haver sido aceita pelas igrejas congregacionais o texto dos 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo. O legado mais importante dos Kalley consistiu no estabelecimento de uma igreja brasileira auto-suficiente. O trabalho Congregacional cresceu e mais tarde foi criada a União de Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, órgão que tem a finalidade de agregar as Igrejas Evangélicas Congregacionais do país.
Congregacionais na Bahia
A primeira Igreja Evangélica Congregacional na Bahia foi organizada em Juazeiro, em 24 de maio de 1932, pelos missionários ingleses Tomas Bentley Duncan e sua esposa D. Sarah Duncan, vinculados à União Evangélica Sul Americana, sediada no Estado de Goiás. Com apenas 14 anos de existência, já contava com mais de 238 membros. Inicialmente, denominava-se Igreja Evangélica, passou a Igreja Cristã Evangélica de Juazeiro e, posteriormente, Igreja Evangélica Congregacional de Juazeiro, filiada à União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil (UIECB). A IEC de Juazeiro teve influência direta ou indireta na organização das demais comunidades congregacionais do Estado da Bahia, que formava a 17a Região Administrativa.
Na 47ª Assembléia Geral da União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, em fevereiro de 2003, foi aprovada a divisão da Região para facilitar a integração dos trabalhos, permanecendo a 17a Região e criando a 34a Região Administrativa, formada pelas seguintes igrejas congregacionais: 1ª, 2ª e 3ªIECs de Feira de Santana, IEC da Federação, IEC da Liberdade, IEC de Aracaju e Campos de Sergipe, Itaberaba, Iramaia, Marcionílio de Souza, Jequié, Ilhéus, Vitória da Conquista e Porto Seguro.